(Mt 5:3-12) Onde encontrarei a felicidade?
Ao invés de perseguir felicidade, sigamos a Jesus Cristo
Texto publicado originalmente em 08 de abril de 2023, como sermão pregado na Igreja Cristã da Palavra, em Santo André, e revisado por mim. Foi o terceiro sermão da série sobre o Sermão do Monte, que ainda estamos estudando, mensalmente.
Caso você esteja aqui pela primeira vez, estamos, aos poucos, nos esforçando por compreender este sermão, porque a vida do cristão está descrita nele. Contudo, porque não sou nem teólogo, nem pastor, não venho planejando isso. A ideia veio de observar o mundo, especialmente durante a pandemia e ver que as pessoas estão muito mais engajadas em ódio e separação que em amor e unidade. Eu me senti mal com tudo isso que via nos jornais e na mídia, e resolvi estudar o Sermão do Monte seriamente antes que também fosse infectado pelo vírus de ódio que está reconectando os neurônios das pessoas.
Começamos justamente falando sobre a necessidade de amar os nossos inimigos e, em seguida, prestamos atenção no Senhor Jesus: por que ele pregou este sermão, por que foi no topo do monte e para quem ele pregou. Concluímos, a partir dessas reflexões, que precisamos ser inteiramente diferentes do mundo.
Hoje vamos nos concentrar nas bem-aventuranças, e é ótimo que o façamos no domingo de Páscoa, já que o foco da celebração é a alegria pela ressurreição de Jesus. Ele morreu na cruz por nossos pecados e ressuscitou para assumir seu lugar como Rei dos reis e Senhor dos senhores. O Filho de Deus, nosso Senhor, porém, começou seu ministério três anos antes da crucificação, e as bem-aventuranças estão logo no início da narrativa de Mateus, para quem este sermão é tão importante que ele dedicou três capítulos de sua obra a ele. Vamos, por favor, abrir nossas Bíblias em Mateus 5:3.
“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.
Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus.
"Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês.
Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês".Mateus 5:3-12, NVI
A felicidade é o deus da nossa era. Todo mundo quer ser feliz – aliás, o que mais importa na vida é ser feliz. Tanto que está ficando cada vez mais difícil falar com as pessoas. Tem gente tão feliz consigo mesmo que acaba deixando os outros tristes. A banda Resgate acertou na mosca na descrição do problema, em sua canção “Em prol do seu nariz”:
Se a felicidade agora é sensação
E o mundo inteiro tem que me entender
Se cada pessoa é uma só
E se cada um é o que quer ser
Não existe mais o nós, só eu e vós e o vosso é meu.
Ora, se não resume o estado de espírito da nossa era? As pessoas têm corrido atrás da felicidade com tanta gana que estão se tornando cada vez mais ensimesmadas, individualistas, isoladas e solitárias. Há quem diga que seríamos mais felizes se trabalhássemos menos ou se automatizássemos mais processos, para termos mais tempo para nós e nossos hobbies; se sobrar tempo, para o outro.
Eu não sou especialista em felicidade; nem psicólogo eu sou, então não tenho autoridade para falar disso academicamente. Também não tive tempo essa semana para ler filósofos ou psicólogos falando sobre a felicidade. Eu precisei dedicar o tempo para encontrar minha própria felicidade – e a Angélica, minha esposa, deve concordar que ficávamos extremamente felizes em deixar as meninas na casa dos avós para podermos dormir. Pois é, são as pequenas coisas...
Assim sendo, perguntei para alguém que poderia resumir o assunto com facilidade, alguém que foi inventado para economizar meu tempo e, quem sabe, me deixar mais feliz: o ChatGPT. Perguntei para o robô: “como posso ser feliz?”, porque sabia que ele traria um resumo geral de tudo o que está no banco de dados ao qual tem acesso. E a resposta foi, bem, esperada. De acordo com o bot de inteligência artificial, para sermos felizes precisamos:
Cultivar relacionamentos positivos
Buscar atividades que proporcionem prazer
Fazer exercícios físicos
Desenvolver habilidades de regulação emocional
Praticar a gratidão
Cinco passos? Parece tão simples! Entretanto, te desejo boa sorte com os relacionamentos, especialmente porque a vida anda rápido e as pessoas hoje estão aqui, amanhã não estão - além de serem “pessoas” e terem vontade própria; boa sorte conseguir ter dinheiro para seus hobbies – o meu, astronomia, é caro, e preciso priorizar outras coisas no momento; fazer exercícios físicos, por exemplo... Mas vamos pular esse aqui. Regular minhas emoções já foi mais fácil, quando minha rotina era mais previsível, mas fazer terapia ajuda, pena que custa caro também; e quanto a praticar a gratidão? A quem serei grato? Pelo quê? Quando?
Ser feliz não é fácil como diz o robô. Quer dizer, do seu ponto de vista, ou dos livros e textos no qual se baseou para responder minha pergunta. Precisamos de algo mais simples, porém mais intenso e profundo, mais real que as sugestões generalistas de uma inteligência artificial, resumindo livros de autoajuda e tratados filosóficos.
Aliás, percebeu que as sugestões do robô não incluem Deus?
Por isso nos voltaremos para Jesus, que diz onde encontrar a felicidade. Mas, porque Ele é Jesus e sua mensagem é ímpar, não é formatada nos moldes do século XXI. De fato, este sermão tem dois mil anos, mas é tão atual na era da informação e robôs como era em uma província minúscula do Império Romano, com camponeses e lâmpadas a óleo. Sua mensagem pode ser resumida em três ações impopulares.
Contrição a Deus.
Piedade Cotidiana.
Fidelidade ao Senhor.
Nada poderia ser mais oposto à filosofia de vida de nossos tempos. Aliás, à filosofia de vida de quaisquer tempos. Mas veja os comerciais na TV. Vá ao cinema ou ouça alguma canção atual. Converse nas universidades. Os substantivos preferidos aos pontos acima seriam quase seus antônimos. Mas nosso trabalho hoje é compreendê-los, aprender coim eles e, quem sabe, aplicá-los.
A felicidade está na contrição a Deus. (v.3-6)
Vamos começar definindo a palavra bem-aventurança. A palavra usada por Mateus é o substantivo grego makarios, que significa “abençoado, feliz”; porém, nossa tradução da palavra para “bem-aventurança” é antiga, foi feita pelo padre João Ferreira de Almeida, em 1681, na primeira tradução em língua portuguesa. Para o escritor Antônio Renato Gusso, Almeida acreditava que a tradução “feliz” é muito simplista e não passa todo o sentimento do termo grego original; para o Padre Almeida, a palavra bem-aventurado falava de uma felicidade interior, profunda, independente de quaisquer circunstâncias. (1) É a ideia que Paulo apresenta aos Filipenses, quando manda que os cristãos sejam alegres em todo o tempo:
Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.
Filipenses 4:12,13, ARA
Veja que, para Paulo, a condição de “poder tudo” depende de alguém: aquele que me fortalece, Deus. E sabemos que a alegria do Senhor é nossa força, como disse Neemias ao povo de Israel (Neemias 8:10). Mas se é assim, como deixaremos Deus alegre? Davi consegue responder a essa pergunta, no Salmo 51:
Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.
Salmo 51:17, NVI
Davi escreveu esse salmo como oração de arrependimento, após fazer algo medonho: mandou matar o soldado Urias para esconder seu adultério com a esposa do cara, Bate-Seba, que ficou grávida do rei Davi, enquanto Urias defendia a sua honra no campo de batalha. O profeta Natã ficou tão revoltado com a atitude que foi falar com o rei, e graças a Deus, foi capaz de convencê-lo do horror que havia praticado. Davi ficou tão envergonhado, arrependido, quebrantado e contrito que escreveu o salmo, como confissão e gratidão pelo perdão de Deus. Houve, claro, consequências, como a morte de criança e outros desdobramentos políticos com os quais Davi precisou lidar, envergonhado. Mas se arrependeu do que fez, aceitou sua tristeza e, nisso, recobrou o senso de agradar a Deus ao invés de a si mesmo.
Como essa atitude é diferente da atitude das pessoas em nossos dias! Hoje, dizem que precisamos ter “orgulho” de quem somos, de nossos sucessos, identidade, escolhas, orientação sexual. De tudo. Para o mundo atual, isso nos “empodera”, uma palavra que, é claro, caiu nas graças do povo. Não se ouve falar no valor de algo que nos “humilha”, não. Para o mundo, a humilhação é sempre negativa. As pessoas se esquecem (ou ignoram) que quem se humilha na presença de Deus é exaltado, e que devemos nos orgulhar de uma única coisa: da cruz de Cristo. Devemos ficar orgulhosos com o fato de sabermos que Cristo morreu por nós e nosso pecado estava sobre ele. Isto é, nosso orgulho é nossa maior vergonha: as nossas maldades mataram o Filho de Deus, que nos amou e salvou, mesmo assim.
Por isso não vamos buscar no mundo um ensino sobre a felicidade. Eles não entendem do assunto, embora inúmeros gurus digam que sim. Ao invés disso, buscaremos em quem realmente entende: Jesus Cristo.
Quem é feliz então, segundo nosso Senhor?
Felizes não são os ricos de espírito, aqueles que se sentem bons o suficiente para a ideia de Deus. Aqueles que consideram a religião como perda de tempo e se orgulham nos avanços científicos e filosóficos do humanismo. Aqueles que se acham muito bons e generosos, muito importantes, como aquele Davi orgulhoso que olhou para o seu reino, enquanto Urias o defendia no fronte de batalha, e se julgam importante o suficiente para roubar o que não lhes compete. Podem parecer felizes, podem acreditar que são felizes, mas sua felicidade é temporária e limitada. Ao contrário, felizes são aqueles que, como o Davi arrependido que conversou com Natã, percebem que, na verdade, não somos grande coisa – aliás, somos essencialmente malvados. Somos pobres de espírito, felizmente. E essa percepção é de fazer chorar. Mas felizes são os que choram.
Porque é aí que percebemos o quão longe estamos do Reino de Deus. Não o merecemos. Não temos o direito de nos ajoelhar e pedir misericórdia ao Criador do Universo. Somos incapazes de fazer o que lhe agrada – e é justamente nesse diagnóstico que reside a felicidade. É como quando você vai ao médico, se sentindo super bem, mas ele encontra um problema de saúde. É ruim de ouvir o diagnóstico, mas graças a Deus ele descobriu o problema, porque agora podemos iniciar o tratamento.
Essa constatação do nosso limite moral perante Deus é humilhante, longe de ser empoderadora. Mas o reino de Deus não pertence aos empoderados, e sim aos humildes, como diz o apóstolo Pedro:
“Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes". Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido.
1 Pedro 5:5,6, NVI
Aí está a felicidade. Nesse diagnóstico escuro, que revela a desnutrição da alma. A alma orgulhosa, piadista e empoderada é como a criança que vive de comer doces: não percebe o quanto está com fome e estragando o seu corpo ou, no caso, a alma. Mas se você cortar esses doces da dieta, vai perceber sua real desnutrição e sua necessidade de um alimento mais saudável.
Portanto, felizes os que têm fome e sede de justiça. Não de justiça social, pois não é disso que Jesus fala, embora, em seu sermão, há a oportunidade e necessidade para tal. Contudo, ser um agente da justiça divina e amorosa no mundo não é possível sem que haja justiça na alma. E só há um modo de recebê-la: o critério está logo no começo da Bíblia, em Gênesis 15:6: “Abraão acreditou no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça”.
É isso o que quero dizer quando te falo que a felicidade está na contrição a Deus. Não parece, mas é verdade, como inúmeros cristãos sinceros dentro das igrejas podem constatar. É o contrário do que a cultura da TV, dos serviços de streaming e das mídias sociais prega, mas está tudo bem, pois o evangelho nada contra a maré, e por isso mesmo, é justamente o que você e eu precisamos para nossas vidas terem sentido. Jesus Cristo é contracultura.
Mas não vamos parar por aqui. Pois a felicidade do cristão começa na contrição, mas continua no seu dia-a-dia.
A felicidade está na piedade cotidiana (v. 7-10)

Quando você percebe o quanto precisa de Deus e finalmente recebe sua graça e salvação, se torna uma pessoa completamente diferente. Você começou a ser feliz ao perceber sua necessidade real: não precisa de um emprego melhor, não precisa se defender, não precisa brigar, nem de uma formação mais especializada. Precisa passar tempo com Jesus, e justamente por isso, sua vida passa a apresentar esses desafios!
Perceba como, dos versículos 7 ao 10, os bem-aventurados são misericordiosos, puros de coração, pacificadores, perseguidos por causa da justiça. Veja como, diferentemente dos primeiros adjetivos, que se ocupam da situação da sua alma, esses se ocupam da situação da alma dos outros que vivem perto de você.
O cristão é justamente alguém que, de fato, se preocupa com os outros. Por princípio, o cristão tem misericórdia das pessoas, isto é, se coloca no lugar do outro e procura entender sua miséria ao mesmo tempo que o ajuda. O cristão não aguenta ver o outro sofrer e não fazer nada. Especialmente quando o outro é alguém que, como ele ou ela, percebe o quão pobre de espírito é.
Porque sabemos que as pessoas sofrem no mundo; há muita gente procurando por algo real, palpável. Daí, procuram no dinheiro, no entretenimento e na prática sexual, seja ela qual for, uma forma de se sentirem completas. Todavia, sabemos que isso não vai levar a lugar algum. Já estivemos nesses lugares, já fizemos essas coisas e elas não nos completaram. O Espírito Santo, por outro lado, nos convenceu disso, e nos aproximamos de Jesus e de sua salvação. Ele nos purificou o coração, e por isso vemos a Deus. Já não somos mais seu inimigo. Como consequência, vivemos em perfeita paz e felicidade, profunda, interior, bem-aventurada.
Mas nossos amigos, famílias e colegas não vivem assim. Você, talvez, não viva assim. É por isso que eu estou aqui escrevendo este sermão. Por isso as igrejas estão abertas. Por isso que fazemos música, entregamos ovos de chocolate a quem não pode comprar e celebramos a Páscoa. Estamos te chamando para ter paz com Deus também. Nada nos deixaria mais felizes que te ver fazer as pazes com o seu Criador. Porque essa é a vida boa.
Queridos amigos, nem todas as igrejas ou autodenominados cristãos são assim, pois como temos insistido, as pessoas estão confundindo as coisas. Deus não é partido político nem filosofia econômica. Deus é o Criador do Universo, o Rei dos reis e o Senhor dos Senhores e seu Reino está entre nós, com as portas abertas para você entrar. Quem te aproxima do Criador é Jesus Cristo e não o Presidente da República.
Mas isso nem sempre será fácil de viver, e com frequência os verdadeiros cristãos, como hoje, se encontram às portas da incompreensão, perseguição e sofrimento. Sinto que a postura politizada de muitas igrejas, e a prostituição de muitos pastores ao venderem suas almas a presidentes ou partidos políticos e reproduzirem suas mensagens de ódio, além da nossa participação indiscriminada em compartilhar mensagens falsas está gerando uma percepção falsa sobre os cristãos: que somos desconfiados, intolerantes, limitados em nosso pensamento e que odiamos os diferentes de nós.
É claro que isso é falso, como venho explicando. Mas e daí, irmãos e irmãs? Se o nome “cristão” está associado a isso, não importa se somos ou não parte desse grupo. Por terem o mesmo nome, a associação é automática. “Diga-me com que andas e te direi quem és”, lembra? Se continuar assim, poderemos ver a perseguição tomando forma – em sermos ridicularizados por nossa fé, isolados de certos grupos sociais, lugares e, quem sabe, eventualmente, até destituídos de bens e presos, senão pior.
Você acha isso difícil de acontecer? É porque não percebe o quão agraciado você é. A perseguição religiosa é uma realidade no mundo desde sempre. Mas, de acordo com a Missão Portas Abertas, no ano de 2022, 360 milhões de pessoas no mundo inteiro foi perseguida por causa da fé cristã. Isto é, a cada 7 cristãos, 1 sofre perseguição alta, severa ou extrema; em certas áreas do mundo. Nossa igreja tem cerca de 150 assentos, se eu contei direito ontem. Ou seja, para cada um de nós aqui hoje, 21 pessoas estão sofrendo, sem poder ir à igreja ou exercer sua fé publicamente. E, aparentemente, pode haver uma tendência na aceleração desse padrão. Se isso chegar a nós, como será nossa situação?
Não importa. Mais uma vez, no meio da insanidade, seremos felizes.
Pois a felicidade está na fidelidade ao Senhor (v.11-12)
Mesmo que o mundo todo vire de ponta cabeça, como parece estar acontecendo, talvez esteja chegando a hora em que precisaremos reimaginar nossa vida como cristãos, como está acontecendo agora mesmo na Nicarágua. Em reportagem da BBC Brasil publicada em 07 de abril de 2023, fomos informados que todas as celebrações da semana santa foram proibidas no país, por ordem do presidente Daniel Ortega, que está no poder há 14 anos. Em 2018, uma série de protestos contra o sistema previdenciário já havia sido violentamente reprimido por ele, deixando mais de 300 mortos. A Igreja Católica, maioria no paí, criticou a ação do governo e protegeu as pessoas que estavam sofrendo violência policial por causa dos protestos. Daí, o governo ordenou o fechamento de canais católicos de TV, expulsou freiras do país e proibiu empresas privadas de prestarem qualquer serviço a religiosos, sob a pena de multas e cassação de licenças de funcionamento. Tudo porque a igreja fez seu papel: defendeu a justiça e protegeu os injustiçados.
Talvez esse dia esteja chegando para nós – mas então nossa felicidade será completa. Se chegar o dia em que você se apresentar como cristão geraria insultos, parabéns! Você é muito feliz; quando te caluniarem e levantarem todo tipo de perseguição também. Mas por quê? Qual é a vantagem nisso?
Não é questão de vantagem, meus irmãos, é questão de qualidade. A perseguição não te trará benefícios, mas te trará uma certeza. A certeza que você tem a mesma qualidade de Ezequiel, Jeremias, Isaías, Paulo, Pedro, Policarpo, Tiago e muitos outros profetas. Pessoas que viveram a Palavra de Deus e o Evangelho até as últimas consequências. Se você for fiel, terá sido como eles – e completamente feliz.
Mas acima disso, terá sido como Jesus. Pois se perseguiram nosso Mestre, por causa da sua obediência a Deus, esse poderá também ser o selo da tua obediência. Se acontecer, alegre-se, pois grande será sua recompensa no reino do céu. Você gostaria de saber qual recompensa?
Ora, está no livro do Apocalipse, nos capítulos 2 e 3. “O que vencer”, mesmo que seja morto por sua fé, como cristãos na Nigéria todo ano que passa, terá vida eterna (Ap 2:7, 11); mesmo que perca os direitos civis, como na Nicarágua, terá o direito de ser cidadão da cidade celestial, e nunca lhe faltará nada (Ap 2:17); mesmo que esteja à mercê de traficantes, e incapaz de mudar suas vizinhanças, como acontece na Colômbia, com Cristo, governará para sempre (Ap 2:26-27); ainda que sejam enviados para campos de concentração, como nossos irmãos norte-coreanos, será recebido e reconhecido publicamente pelo próprio Deus (Ap 3:5); ainda que vivam escondidos e envergonhados, como em muitos lugares de Bangladesh, será um monumento eterno de louvor e vitória (Ap 3:12); conquanto sejam vistos com desprezo pela sociedade, como em dezenas de outros países, vai se assentar no trono, com Deus e Jesus, para sempre (Ap 3:21).
Conclusão
Começamos perguntando: onde encontrarei a felicidade? Neste texto vimos que a felicidade, do ponto-de-vista de Jesus, não é algo que perseguimos, que vivemos à busca. A felicidade acontece para aqueles que são contritos a Deus, vivem diariamente uma vida santa, em piedade, e são fiéis ao Senhor, sem importar o que aconteça em suas vidas. É oposto ao que o mundo chama felicidade: uma imitação, uma cópia barata daquele estado de espírito sólido, profundo e constante do cristão: a “bem-aventurança”.
Essa felicidade está disponível a todos que queiram se render a Jesus Cristo, com todas as belezas e dificuldades da vida cristã, comprovadamente difícil, mas que vale cada gota de suor. Nos dias em que vivemos, de incerteza, horror, dificuldades financeiras e possível perseguição religiosa como uma sombra que paira constantemente, o único modo de ser, de fato, feliz é seguir Jesus, ou seja, ser cristão: alguém que vive como Cristo Jesus, fiel, verdadeiro, piedoso. O único que ressuscitou e voltará em breve para nos buscar. Naquele dia, nossa felicidade não será um estado interior; será simplesmente o que já é, mas sem mais nada para atrapalhar.
Referências
Antônio Renato Gusso, A Bíblia Sagrada: História e Tradução, Vozes, 2005, p. 135 (citação do chatGPT).
Martin Lloyd-Jones, Estudos no Sermão do Monte, Editora Fiel, 2016.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c137mplrl24o